A poesia da vida, a emoção sentida
Na ausência de Aurélio, perguntei a Ruth Rocha o que era um poeta, ela soprando em meu ouvido, feito uma brisa perfumada, numa noite estrelada, onde a lua acariciava as belas palavras, me respondeu:Poeta, a você de alma tão inquieta, é:1) Aquele que faz versos;2) Aquele que tem imaginação inspirada;3) Aquele que se afasta da realidade.E o que é poético Ruth? É o que tem poesia. Que inspira. Relativo à poesia.E por que ele que inspira poesia e transpira imaginação insiste que não é poeta? Isso não sei Paula, não compete a mim decifrar a alma dos escritores. Cada um é cada um. Com suas alegrias e dores. Com os sonhos que nunca deixam de existir. Com a imaginação que faz da dura realidade, do árduo dia a dia, um momento poético.E o que é um não-poeta? Paula, pergunte a sua alma. Escute os pingos das águas que escorrem dos seus olhos a baterem na bacia de ágata verde e cante os versos. Conte as badaladas do seu coração e deixe descarrilhar os ponteiros. Sinta a sua respiração, respire a beleza e se permita sonhar. Quando assim se sentir, terá encontrado uma não-poeta.Escutei quando a minha alma me chamou. Menina, menina, você que mora dentro dessa mulher tão adulta, senta aqui. Me escuta. Vou te contar uma história.Lá, naquela casa, há muito tempo mora um poeta. Mas ele não gosta de ser chamado de poeta. É pouco para ele. Não combina com o ser dele. Ser poeta é enquadrá-lo, dar forma, ritmo, métrica, combinações, e isso ele não quer. Sabe porque? Porque ele também tem uma alma assim feito a sua. E o menino que ele procura, vive dentro dele. Assim feito a sua menina vive dentro de você.Essa alma é que proporciona a liberdade de pensar, de criar, de imaginar, de sonhar, de embriagar-se e embriagar. É a mesma alma que dá asas a quem escreve e a quem ler.Então, o não-poeta é aquele que escreve muito mais que poemas. Ele sabe transformar momentos de vida com imaginação, encanto, emoção. Distribui palavras em papel celofane colorido. Coloca estrelas coloridas nos olhos de quem ler. Faz as pessoas escutarem um música interna. Tem a liberdade do pensamento. Gosta de sonhar. E voa através das palavras feito quem voa num tapete mágico.
Portanto, ler um não-poeta é para poucos.
Permita-se ler e sentir. Voe na imaginação.
Escute os sons internos, sinta vibrar a alma
e o corpo quando ler um não-poeta.
Não tente entender. Entender,
é perder o encanto e o canto da emoção vibrando.
por Paula Barros
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Avassaladora disse...
Paula, meus olhos viraram céu estrelados... Duas bolinhas, onde estrelas cintilam,
embevecidas pela beleza de suas palavras!
Agora eu sei o que sou...
Claro que sou uma não-poeta...
Não que eu seja pretenciosa,
apenas porque o que escrevo,
( o pouco que escrevo),
escorre por minha alma,
meu coração e sai nas pontas dos dedos...